Gabriela, Cravo e Canela
Essa história de amor – por curiosa coincidência, como diria dona Arminda – começou no mesmo dia claro, de sol primaveril, em que o fazendeiro Jesuíno Mendonça matou, a tiros de revólver, dona Sinhazinha Guedes Mendonça, sua esposa, expoente da sociedade local, morena mais para gorda, muito dada ás festas de igreja, e o dr. Osmundo Pimentel, cirurgião-dentista chegado a Ilhéus há poucos meses, moço elegante, tirado a poeta. Pois naquela manhã, antes da tragédia abalar a cidade, finalmente a velha Filomena cumprira sua antiga ameaça, abandonara a cozinha do árabe Nacib e partira, pelo trem das oito, para Água Preta, onde prosperava seu filho.
Jorge Amado
Jorge Amado, que desde os catorze anos participava em movimentos culturais e políticos, optou por Direito. Fez a vontade ao pai, mas não foi buscar o diploma e nunca exerceu advocacia. Em compensação, no ano da sua licenciatura, em 1935, já era escritor conhecido, autor de quatro livros que fizeram sucesso entre o público e a crítica: O País do Carnaval, com que se estreou aos 18 anos, Cacau, Suor e Jubiabá. Em 1937, devido ao seu intenso envolvimento político, viu toda a primeira edição do seu livro Capitães da Areia ser queimado em praça pública, o que o levou, em 1941, ao exílio na Argentina e no Uruguai.
Em 1945, Jorge Amado uniu-se a Zélia Gattai, companheira de toda a sua vida. Deputado federal pelo Estado de São Paulo, fez parte da Assembleia Constituinte votando leis importantes, como a que ainda hoje garante a liberdade religiosa no país. Em 1947, o Partido Comunista foi ilegalizado e Jorge Amado perdeu os seus direitos políticos. Voltou para o exílio, desta vez em França e na Checoslováquia, continuando a escrever e a trabalhar pela paz, agora em companhia de Pablo Neruda, seu velho amigo, de Pablo Picasso, de Louis Aragon, de Nicolás Guillen, só regressando ao Brasil em 1952. Em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, vindo também a pertencer à Academia de Letras da Bahia, à Academia de Ciências e Letras da República Democrática Alemã e à Academia de Ciências de Lisboa, sendo menbro correspondente destas duas últimas.
O seu livro Gabriela, Cravo e Canela, publicado em 1958, teve grande sucesso e os seus direitos cinematográficos foram vendidos para a Metro, o que possibilitou ao escritor a compra de uma casa em Salvador realizando assim o sonho de voltar a viver na sua terra. Em 1963, Jorge Amado muda-se com a sua família para a Rua Alagoinhas, onde tem escrito os seus livros.
Jorge Amado foi agraciado com inúmeros prémios internacionais.
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