Bem vindos

Já há imenso tempo que ando para criar este blog, umas vezes por falta de tempo outras por falta de paciência... mas pronto finalmente aqui está ele... espero que gostem das viagens que lhes ofereço... só necessitam de um cadeirão e algum tempo...

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A minha infância roubada



«Outubro de 2003. Estou em Les Lilas, que fica em Seine Saint-Denis, nos subúrbios de Paris.
Estou cheia de frio, metida nesta toca de quinze metros quadrados. O meu marido foi para África e deixou-me cem euros. Segundo ele, chegam para me aguentar dois meses. Comprei leite e pão, e como sopas de pão no leite várias vezes por dia. Deixei de me lavar. Para quê? Também já não sei se vale a pena vestir-me, de qualquer maneira, além daquilo que trago vestido, pouco mais tenho. Sinto o coração a bater, mas não estou dentro do meu corpo. Já nem sequer as nódoas negras me doem. Já não sinto nada. Passo os dias a olhar para o vazio ou para a televisão. Ninguém. Nada. Só o barulho da televisão, em fundo – De repente, ouço a voz de uma mulher a contar uma história que podia ser a minha…»

Foi a partir deste momento que Diaryatou Bah, jovem guineense (Guiné-Conacry), agarrou a última réstia de forças, e conseguiu dar mais uma oportunidade à sua vida.

A história de Diaryatou, é comum a muitas mulheres africanas. Desde a mutilação genital aos sete ou oito anos, até a um casamento por obrigação aos treze ou catorze anos, tudo de mau pode acontecer a estas jovens. São autênticas escravas entre os seus e obrigadas a obedecer cegamente ao marido.

Diaryatou, como todas as meninas da terra dela, foi submetida ao ritual da mutilação genital aos oito anos e aos catorze casou com um homem trinta anos mais velho, que a levou para a Holanda, prometendo-lhe o paraíso.

Clandestina, sem meios de subsistência, Diaryatou foi brutalizada, humilhada, violentada. Por duas vezes engravida e, sem assistência médica, por duas vezes aborta, aos catorze e aos dezasseis anos.

Consegue fugir aos dezoito. Depois de, pela terceira vez, ter dado à luz um bebé morto.

Depois de se libertar, vive em França (2007), prosseguindo os seus estudos e esperando um dia ser “legalizada”.

A narrativa de “A minha Infância Roubada” foi passada ao papel por Sylvia Tabet, uma das pessoas que ajudou Diaryatou a sair do pesadelo.

É uma Edição da Dom Quixote com 1ª edição em Outubro de 2006.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Pai, tiveste medo?

Milhares de portugueses cresceram a ouvir relatos da Guerra Colonial. Em especial os filhos dos militares ficaram marcados por esse período da História de Portugal. Muitos perguntaram aos pais se tiveram medo. Os testemunhos das famílias herdeiras do conflito foram agora reunidos em livro.


Sem dúvida um excelente retrato "do outro lado" da Guerra Colonial, o lado dos que lá não foram mas que cresceram a ouvir as histórias do que lá se tinha passado. Neste caso são 12 filhos e as suas recordações... a minha é uma das histórias...


- «Quarenta anos depois do fim da guerra colonial, a memória do conflito continua viva em muitos portugueses. Não só pelas marcas deixadas nos militares que combateram, mas pela forma como ela se estendeu às suas famílias, nomeadamente aos filhos. Para os que tiveram um pai a combater em África, a guerra também foi deles.

Essa memória partilhada foi sendo construída pelos filhos ao sabor das emoções que iam experimentando: uns sentiram-se fascinados pelas aventuras heróicas de um pai em guerra; outros sofreram na pele o pesadelo interminável do qual o pai nunca se libertou; e outros ainda deixaram perguntas por fazer com medo das verdadeiras respostas.

Este livro é feito de 12 histórias. São experiências de guerra vividas por filhos de combatentes que, de forma muito pessoal e única, aprenderam a juntar os pedaços de uma memória que não é a sua. Entre álbuns de fotografias, cartas de antigas de madrinhas-de-guerra, malas empoeiradas, cabeças e peles de animais e relatos distantes, cada uma destas pessoas herdou uma história; algumas foram atrás do passado para perceber um pouco melhor o pai que regressou ou que nunca chegaram a conhecer.

Em "Pai, tiveste medo?", descubra uma nova perspectiva sobre um conflito que marcou Portugal. Um livro sobre a memória e a inquebrável ligação entre pais e filhos.»