Mais um livro com relatos da Guerra do Ultramar. Um livro com imensas histórias e fotografias, no qual o meu pai contribuiu uma parte...
Quanto a este livro, já sabem que é um tema que me toca em especial… como o meu pai costuma a dizer, por vezes até parece que fui eu que andei na Guerra do Ultramar e não ele, devido à minha capacidade de me interiorizar nas histórias que ouço e de como que teletransportar-me para esse passado tão recente na memória de uns quantos, cada vez menos, que lutaram, sofreram, choraram, morreram e para quê?...por quê?, por uma pátria que nada lhes deu em troca e que nunca os apoiou depois de tudo o que eles passaram…
De forma a elucidar os seguidores deste blog, vou transcrever alguns excertos do livro, de forma a “entrarem” no pensamento daqueles jovens de 21/22 anos, que cada vez que saíam do quartel para irem para o mato, iam sempre com a incerteza de voltar.
Pág. 154 – “ Olha, se houver azar, levas a minha mala e as minhas coisas e entregas aos meus pais”, Fernando Martinho da Silva Coelho – Bcaç. 3868 - CCS
Pág. 156 – “Finalmente os filhos pródigos regressaram à família, a Companhia” excertos do testemunho de Fernando Martinho da Silva Coelho – Bcaç. 3868 - CCS, quando chegou a Ribaué para se reunir novamente à Companhia que tinha partido de Moçimboa da Praia deixando-o e a mais 3 companheiros para trás numa missão.
Tal como consideravam os companheiros de Batalhão a família, consideravam os quartéis onde permaneceram tantos meses a sua casa. E era este espírito de união que os ajudou a suplantar tantos acidentes, emboscadas, perdas… que os ajudou a sobreviver…
Pág. 148 “Devo dizer que apesar das baixas em pessoal e material, nunca vi o Batalhão vergar. Vi homens a chorar amigos que não voltaram. Vi desânimo estampar-se-lhes no rosto, mas na hora de enfrentar de novo as dificuldades, vi-os pôr-se em pé e ir á luta. “ excerto do testemunho de José Aires Palmeira Queimado – Bcaç. 3868
Pág. 109 “A guerra em Moçambique era uma guerra de pobres, sustentada por um país de pobres, que tinha que repartir o chamado “esforço de guerra” por três frentes em simultâneo: Angola, Guiné e Moçambique. Só militares com a rusticidade e capacidade de sofrimento da nossa gente conseguiriam suportar durante tanto tempo tão gritante carência dos mais elementares e essenciais meios de apoio. Segundo revelam as estatísticas, em menos tempo de guerra morreram em Moçambique mais militares do que na soma dos conflitos armados da Guiné e de Angola. Quantas vidas não se perderam em Moçambique só porque não existiam suficientes e capazes meios aéreos para rápidas evacuações?”
Excerto do livro “Estilhaços, Crónicas de uma guerra que não se perdeu” de Laurélio Monteiro Ferreira da silva transcrito para o livro Moçambique 1964-1974 Ex-Combatentes Portugueses e da Frelimo falam da Guerra
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